terça-feira, outubro 19, 2010

Pronossovale in Bike 2007

9 a 24 de Agosto de 2007

Da Rota do Kontrabando Pronossovale in Bike (Vilar Formoso-Mira de Aire)

Segunda: Nave(Alfaiates)-Valhelas(nas faldas da Serra da Estrela)

Terça: Valhelas-Piornos-Dornelas do Zêzere ou perto

Quarta: Dornelas do Zêzere-Oleiros ou redondezas

Quinta: Oleiros-Ferreira do Zêzere

Sexta: Ferreira do Zêzere-Mira de Aire.
Pronossovaleinbike
Ligação Barrancos - Mira de Aire
20 a 25 de Agosto de 2006

Dia 1: Barrancos-Amareleja: Viajando no Alentejo com os olhos entreabertos, com um pé em Portugal e outro em Espanha.

Quilometragem: 60 Km
Temperatura média: 38º C (máxima: 42º C)
Água consumida a pedalar: 4,5 litros por biker

O dia começou cedo, às 2 horas da manhã, com a viagem de Mira de Aire até ao local da partida, a vila de Barrancos, onde chegámos por volta das 7 horas depois de observarmos um esplendoroso nascer do Sol junto ao espelho de água da albufeira do Alqueva perto Monsaraz. O primeiro e único contacto com os populares desta localidade não foi muito amigável, facto talvez explicável pela hora madrugadora da abordagem. Desde o taberneiro que nos serviu, com sete pedras na mão, o café da manhã, passando pelo transeunte que efectuava o passeio higiénico matinal com o seu cão labrador retriever (único ser vivo afável que por ali conhecemos) o qual com o seu característico ar brincalhão se meteu connosco e nós com ele, terminando o divertimento com um ralhete por parte do dono, até à resposta lacónica dada por outro habitante da terra quando educadamente questionado acerca possibilidade do material descarregado da carrinha de apoio estar a estorvar a saída de um carro do estacionamento: “a GNR é que sabe”. Rodeados por este ambiente pouco simpático (pela a primeira vez em 8 anos de pedaladas por Portugal fomos mal recebidos) rapidamente nos equipámos para iniciar a nossa jorna em direcção a Santo Aleixo da Restauração. Acompanhados pelo toque das 8 badaladas do sino da igreja matriz, despedimo-nos de Barrancos rumo a Sul, na direcção da Herdade da Contenda. Chegados ao portão que delimita a referida herdade, atingimos a linha de separação Portugal-Espanha, balizada no terreno por marcos de fronteira, neste local, coincidente com um trilho magnífico encaixado num terreno ligeiramente acidentado, pontuado por zonas com descidas curtas mas inclinadas, seguidas de penosas e curtas subidas. Quando abandonámos a linha de fronteira em direcção a Oeste, a morfologia do terreno tornou-se mais dócil, os trilhos passaram a estradões, a vegetação mais densa proporcionando uma progressão mais agradável e com mais sombra (às 10 horas registámos 38ºC de temperatura). Desta forma progredimos até á entrada principal da Herdade da Contenda apanhando em seguida um estradão que nos conduziu ao local do reforço alimentar em Santo Aleixo da Restauração. O repasto encomendado pela logística num simpático restaurante desta localidade estava magnífico e deixou-nos com uma moleza compreensível, pois praticamente não tínhamos pregado olho e o termómetro registava uns aprazíveis 42ºC. Assim decidimos efectuar uma paragem de duas horas, literalmente à sombra do chaparro, para retemperar forças e fugir da hora do calor. Com as forças revigoradas partimos desta simpática aldeia por volta das 16 horas seguindo por um trilho levemente ascendente sempre acompanhados por mansos bovinos de grande porte até ao campo de aviação da Herdade das Tesas. Os 12 quilómetros seguintes foram percorridos no interior desta herdade por entre sobreiros e na companhia de dezenas de veados que alegremente saltitavam à nossa frente até ao rio Ardila. Transposto o obstáculo natural, nesta altura do ano pouco caudaloso, surgiu uma situação de decisão difícil: um enorme portão fechado a cadeado vedava o caminho por nós idealizado (vicissitudes da navegação pura). Duas hipóteses se colocavam, ou saltávamos ou portão e continuávamos no nosso rumo, ou teríamos que voltar atrás e percorrer muitos mais quilómetros. Depois de uma breve conferência e de observação cuidada do obstáculo decidimos transpo-lo tendo em mente que a saída seria efectuada da mesma forma. Esta invasão pacífica da Herdade dos Garrochais, tornou-se numa prova de 2 quilómetros barreiras em BTT pois, não galgámos dois mas quatro portões. Após esta peripécia concluímos o dia pedalando em plano até à movimentada e animada Amareleja, onde arribámos por volta das 19 horas e assentámos arraiais no campo de futebol da vila para um merecido banho quente e uma boa noite de sono, não sem antes provar uns belos pitéus alentejanos.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Ano 2005: DE AQUA FLAVIAE PRONOSSOVALE IN BIKE

A aventura que nos propusemos fazer, este ano, a qual ligou Vila Verde da Raia (norte de Chaves) a Mira de Aire, decorreu entre 22 e 28 de Agosto 2005, com o nome DE AQUA FLAVIAE PRONOSSOVALE IN BIKE.

É destas andanças que vamos contar uma breve estória aos leitores da ONBIKE, que simpaticamente nos cedeu algum espaço editorial, para que nós pudéssemos compartilhar convosco esses sete dias de intenso pedalar.

Diário de bordo

Este ano fomos cinco bikers e respectivas montadas: Janinha (Merida Magnesium Elite), Vitinho (Kona Dawg), Mega (Giant NRS-Composite), Caixa-Pi (Giant NRS-2) e MeRui (Univega HT-580) que contaram com a eficiente equipa de logística composta por Paulinho e Erica que todos os dias pacientemente encontraram local para todos nós pernoitarmos.


Dia 22 de Agosto: Vila Verde da Raia-Vila Pouca de Aguiar

O dia começou junto da fronteira espanhola onde tirámos a fotografia de grupo da praxe para depois começarmos suavemente a pedalar na bela planície flaviense que nos acompanharia até à cidade de Chaves. Ao caminharmos para sul, o terreno começou a mudar de feição tornando-se um pouco mais íngreme até atingirmos Vidago onde efectuámos uma paragem para almoço e nos despedimos das facilidades de progressão. A partir desta bela vila termal podemos dizer que verdadeiramente a nossa aventura começou. Subimos durante duas horas sob calor intenso até Freixeida onde nos refrescámos numa nascente escondida no meio da floresta e prosseguimos o caminho passando por uma zona de pedreiras que nos conduziu a Rebordochão local onde apanhámos um trilho em direcção a Cidadelha onde nos esperava uma curta (1,5 km) mas dura subida em empedrado que nos conduziu até ao local de pernoita Vila Pouca de Aguiar.


Dia 23 de Agosto: Vila Pouca de Aguiar-Mesão Frio

O dia amanheceu duro, num ápice, despedimo-nos de Vila Pouca situada à cota de 730 metros para passado pouco mais de 1 km estarmos já à cota de 930 metros num pequeno planalto onde conduzimos as bikes até Gouvães da Serra. Desta pequena aldeia rumámos ao maravilhoso Parque Natural do Alvão, num percurso sempre ascendente até atingirmos a Barragem Cimeira.

Nesta fase do percurso infelizmente vislumbrámos de maneira privilegiada muitos focos de incêndio, tendo ainda sido possível ao grupo apagar um pequeno reacendimento numa zona de mato rasteiro junto do vértice geodésico das Caravelas que doutra forma teria ficado a consumir mato pela calada. Depois da missão cumprida subimos mais um pouco para depois descermos freneticamente até ao Monte do Velão, onde a logística nos surpreendeu com um belo almoço volante no miradouro aí situado, com vista a norte para o monte da Senhora da Graça e a sul para a Serra do Marão que mais tarde iríamos atravessar. Repostas as energias e descansados os músculos retomámos o percurso por um caminho de inclinação suave com uma vista fascinante para o vale da Campeã que nos levou ao Alto de Espinho local onde tomámos um trilho de rara beleza enquadrado por uma vegetação frondosa que tornou agradável a ascensão do Marão. Cerca de 1 km antes de atingirmos o topo da serra virámos a direita por trilho fabuloso quase sempre na mesma cota (1000 m) até Mafômedes.
Já com o sol a esconder-se, acabámos o dia com uma estonteante perda de altitude efectuada num estradão de bom piso durante cerca de 5 km que nos conduziu a Mesão Frio (280 m) onde acampámos na bem cuidada praia fluvial da vila.



Dia 24 de Agosto: Mesão Frio-São Pedro do Sul

Esta jornada iniciou-se de forma pouco habitual só possível com a ajuda dos Bombeiros Voluntários de Mesão Frio. Para facilitar o atravessamento do Douro tínhamos em mente usar os serviços da barca de passagem existente em Porto de Rei, mas após conversa com os B.V. estes dispuseram-se a ajudar-nos, proporcionando-nos assim uma viagem inesquecível: dois bombeiros, cinco bikers e respectivas bikes navegaram desde a Rede na margem norte do Douro, num zebro, até à margem sul onde em Porto Rei foi efectuado o desembarque. Feitos os agradecimentos e as despedidas retomámos o pedalar que nos levaria ao topo da Serra do Poio ou das Meadas. Foram os quilómetros mais duros de toda a aventura, em pouco mais de 8 km passamos da cota 100 para a cota 1100 por trilhos magníficos mas nem sempre cicláveis que demoraram cerca de 3 horas a vencer. Chegados ao topo, depois de uma breve paragem para retomar o fôlego e absorver a magnífica paisagem que nos rodeava (ponteada infelizmente aqui e ali por uns focos de incêndio) foi tempo de vingar o sofrimento matinal. Pedalámos vigorosamente, rodeados de ventoinhas, num estradão largo desenhado na linha de cume mas quase sempre descendente que nos conduziu a Bigorne onde recarregámos baterias. A segunda parte do dia desenrolou-se numa zona de planalto onde percorrermos trilhos magníficos tipo calçada romana (Moura Morta) num sobe e desce constante até á aldeia de Pepim. Perto deste local uma pequena avaria, milagrosamente resolvida (imaginem uma das roldanas do desviador traseiro solta, devido ao desaperto do parafuso. Após uma busca pouco confiante eis que no meio das pedras aparece o parafuso e respectiva porca!!!!!), atrasou-nos, pelo que os últimos 14 km até São Pedro do Sul transformaram-se numa asfáltica nocturna que terminou perto das 21h30m.


Dia 25 de Agosto: São Pedro do Sul-Mortágua
Dia 26 de Agosto: Mortágua-Lousã
Dia 27 de Agosto: Lousã-Freixianda
Dia 28 de Agosto: Freixianda-Mira de Aire










domingo, setembro 17, 2006

Ano 2003: DO DOURO INTERNACIONAL PRONOSSOVALE IN BIKE

Este ano, 2003, foram 7 os bikers, Luís Saraiva (Slhick), Janinha, Paulo Magalhães, Rui Mendes, Jojo , Vitinho e o Zi, que navegaram, com o apoio logístico do Paulo Tristão e do Zé Pedro, de Barca de Alva a Mira de Aire.

Dia 0: 16 de Agosto de 2003 - Viagem “embalada” para Barca de Alva

A carrinha deste ano só tinha 3 lugares pelo que só serviu para transportar a logística, composta pelo Paulinho e o Zé Pedro, as bikes e o material individual de apoio. Os 7 bikers foram de “embalados” de autocarro até Vila Nova de Foz Côa durante cerca de cinco horas de sofrimento, pois o autocarro tinha os amortecedores de tal maneira moles que mais parecia uma viagem de navio em dia de ondulação. Chegados ao destino percorremos 40 Km de bike até Barca de Alva numa paisagem lindíssima, acompanhando o rio Douro, junto à linha de comboio abandonada (que pena não estar transitável em todo o percurso) e quando deixou de ser possível, por belíssimos caminhos, a meio e no topo das vinhateiras encostas durienses. No fim da etapa, uma descida alucinante de 3 Km conduziu-nos ao local onde passámos a primeira noite, Barca de Alva.
Dia 1-17 de Agosto de 2003 - Rompe pernas até Trancoso

Depois do prólogo do dia anterior, iniciámos verdadeiramente a nossa aventura, afinámos as bikes, seleccionámos as cartas topográficas e começámos a pedalar encosta a cima, fazendo jus ao velho ditado, quem muito desce muito tem que subir. Trepámos até à Quinta da Boavista, onde nos despedimos do Douro e até ao almoço em Vilar de Amargo, viajámos pelo planalto Beirão num sobe e desce constante sempre com a Serra da Marofa a observar-nos.
A segunda parte da etapa começou negra, fomos por alcatrão até Algodres onde voltámos à terra e entrámos por uma imensa zona ardida que só largámos quando transpusemos o rio Côa através da ponte da União e escalámos até Cidadelhe ( 2Km com 10 a 15% de inclinação). Recuperado o fôlego nesta simpática aldeia, seguimos até Juízo, Ervedosa e Cótimos onde decidimos, devido ao adiantar da hora fazer os restantes 12 Km de ligação até Trancoso por alcatrão numa estrada secundária pouco percorrida.
Fomos muito bem recebidos na terra de Bandarra, onde estavam a decorrer a festas de Verão da vila, tomámos banho no pavilhão municipal, jantámos gratuitamente na Escola Profissional de Trancoso e dormimos nas instalações da Associação Recreativa. Obrigado Trancoso.
Dia 2-18 de Agosto de 2003 - Serra de Estrela no horizonte

A saída de Trancoso foi impecável, logo que deixámos a zona edificada (junto à capela de Santa Eufémia) entrámos num caminho misto de terra e calçada romana que nos conduziu a um imenso prado dourado até atingirmos o topo do vale da Ribeira de Seixas, perto de Fiães, o qual nos brindou com uma descida (com piso em bom estado) alucinante de cerca de 8 Km passando pelos recônditos lugares de Barrocal e Cardal até Forno Telheiro. Daí até Vila Boa do Mondego fomos calmamente junto á linha férrea por um caminho praticamente plano à procura do almoço.
Depois de repostas as energias, deixámos Vila Boa do Mondego e subimos levemente até Carrapichana por uma auto-estrada de terra batida, cuja única dificuldade era o calor que se fazia sentir, cerca de 42 graus. Chegados a esta aldeia dirigimo-nos para Figueiró da Serra fazendo 3 Km de alcatrão, repusemos líquidos e iniciámos a subida (normalmente o acesso a Folgosinho faz-se por alcatrão onde se percorrem apenas cerca de 7 Km) por terra batida. Vencemos um desnível de cerca de 600 metros, pedalando durante 10 km (média de 6% de inclinação) percorrendo uma trilho magnífico, donde vislumbrámos grande parte do percurso por nós feito até então. Já nos 1200 metros de altitude, aproveitámos para nos refrescarmos na Fonte da Arca, com uma água saborosamente fresca. O moral das tropas estava em cima, vencida a subida, saciada a sede, restava agora descer alguns quilómetros até à cota 900. Foi num ápice que atingimos, risonhos, o nosso objectivo, Folgosinho onde pernoitámos nas instalações da Associação Recreativa local.
Dia 3-19 de Agosto de 2003 - A duplicidade da Serra (Rainha) da Estrela

Estando nas faldas das Serra de Estrela é claro que o dia começou a subir, saímos da cota 900, apanhámos um caminho florestal e paulatinamente fomos ascendendo até aos 1300 metros, nos primeiros quilómetros protegidos pelo que resta da floresta do Parque Natural da Serra de Estrela e depois numa paisagem verdejante, com uma vista fabulosa sobre o vale do Mondego, mas sem uma única árvore para nos proteger do intenso calor irradiado pelo astro Rei. Chegados a esta cota, saímos do caminho florestal e percorremos um singletrack levemente descendente que nos levou aos 1000 metros e depois com uma forte inclinação que nos transportou, aos 1400 metros, até ao alcatrão da estrada que liga Gouveia a Manteigas. Daí descemos 4 km de um serpenteante alcatrão, a uma velocidade vertiginosa (o ciclocomputador marcou 72 Km\h) até à aldeia mais alta de Portugal, Sabugueiro. Foi nesta aldeia que reabastecemos, para de seguida ir escalar 10 quilómetros “asfálticos” até à Lagoa Comprida, cujo percurso foi vencido em cerca de uma hora de esforço constante. Depois de uma breve pausa, subimos até ao marco quilométrico dos 20 Km onde atingimos a cota máxima do passeio, 1700 metros e virámos à direita para tomar contacto com a outra face da Serra da Estrela, uma descida imperial, isto é, longa quanto baste, cerca de 17 Km, tecnicamente exigente, calhaus rolados soltos, areia granítica a pedir uns pneus 2.3 (que obviamente ninguém tinha montado), regos onde cabia a bike e o biker, inclinações de 35 % , tudo isto numa envolvente paisagística grandiosa onde a visão das aldeias encaixadas no fundos dos vales, contrastava com um horizonte imenso, onde o Sol, timidamente, já se despedia. Terminámos a descida na bonita aldeia de Cabeça (de fazer inveja ao Piodão) à cota 500 e daí pedalámos, os restantes 5 quilómetros, até Vide por uma estrada cujo o alcatrão ainda cheirava a novo (na carta ainda estava simbolizado como terra batida).
Dia 4-20 de Agosto de 2003 - Serra do Açor e a rota dos vértices geodésicos

Acordámos com o som da água represada da Ribeira do Piodão, pois dormimos nas instalações da Junta de Freguesia de Vide que fica localizada mesmo a sua beira. Tomámos o pequeno almoço e lá partimos para mais um dia que, após leitura das cartas topográficas, se adivinhava bastante duro.
Logo no início da subida que teríamos que efectuar para sair de Vide, a corrente de uma das bikes não aguentou o esforço e partiu duas vezes seguidas. Depois alguma habilidade mecânica lá se consegui resolver o problema e continuámos a caminhada.
Entretanto chegou ao pé de nós, um praticante de BTT de Vide, o Paulo Matias, que apesar de ter chegado de Lisboa, mesmo cansado, não cedeu à tentação e nos acompanhou durante os primeiros dois quilómetros, que foram simplesmente os mais duros da nossa aventura, com uma inclinação média de 15 % e um solo xistoso muito solto a dificultar a progressão, por vezes feita à mão. Passada esta dificuldade, percorremos um caminho que acompanhava a linha de cota quase no topo da montanha (Colcorinho) e que nos levou até à estrada alcatroada de acesso a aldeia de Piodão, local onde fizemos uma breve pausa para observar toda a sua beleza. Por estarmos um pouco atrasados, devido à avaria registada, decidimos fazer 8 km de alcatrão até à aldeia de Relva Velha, onde retomámos a terra batida descendente que nos conduziu à frondosa Mata da Margaraça e de seguida ao local escolhido para o reabastecimento, a Fraga da Pena com as suas cascatas de água cristalina a convidarem para um mergulho.
Com as energias renovadas, já sabendo o que nos esperava, começámos então a subir em direcção à aldeia de Sardal, por um trilho de tal maneira agradável, com a floresta a proteger-nos dos raios solares, que rapidamente vencemos um desnível de 600 metros até ao Cabeço do Monte Redondo.
A partir deste local e até final da jornada, foram 25 duros quilómetros, por caminhos que alternavam grandes subidas com descidas frenéticas acompanhando a linha de cumeeira da serra, passando pelos diversos vértices geodésicos da zona, Reguengo (968m), Catraia (870m), Gatucha (983m) e finalmente Vieiro (859m) a partir do qual fomos recompensados com uma descida estonteante e íngreme, primeiro em terra finalizando em asfalto que nos levou até ao parque de campismo municipal da vila que nos acolheu nessa noite, Góis (210m).
Dia 5-21 de Agosto de 2003 - Atravessar a Serra da Lousã e acabar com uma nocturna

O dia nasceu fresco e cristalino, talvez devido à influência do rio Ceira que atravessa Góis. Aproveitando esta rara benesse, alimentámo-nos, preparámos as bikes e toca a pedalar que os trilhos esperam por nós.
Começámos, como já vinha sendo hábito, a subir, primeiro por um estradão de terra batida que desembocou numa aldeia com um nome sugestivo, Ladeiras, depois 3 km “asfalticos” até à aldeia de Pena onde pudemos observar o imponente Penedo de Góis, local de eleição para escalada em rocha, para finalmente atacar a grande subida do dia, até às imediações do Castelo de Trevim onde parámos um pouco para observar a paisagem e dar descanso às pernas, pois olhando para a carta e fazendo as contas tínhamos vencido o maior desnível do passeio, 1000 metros, em cerca de 15 km (6.5% de inclinação média).
Absorvida a paisagem, passeámo-nos por um trilho rolante magnífico seguindo a linha de cota dos 900 metros, com vista aberta sobre Coentral e Castanheira de Pêra, que nos conduziu à casa florestal situada na estrada nacional 236, mesmo no limite do distrito de Coimbra (de que nos despedíamos) com o de Leiria (onde terminaria a nossa aventura). Atravessámos a estrada nacional, seguimos por um estradão que se desenvolve pela linha de cumeeira até a uma zona onde virámos à esquerda descendo por um corta-fogo recém aberto, com um piso muito técnico composto por calhaus angulosos de xisto misturados com uns traiçoeiros troncos de eucalipto proporcionando uma condução veloz e divertida até ao local combinado para o almoço.
Como o calor estava muito forte e o repasto foi farto decidimos descansar um pouco e atrasar a saída para a etapa da tarde. Saímos de Castanheira de Pêra por volta das 16h30m e retomámos o caminho que tínhamos deixando umas horas antes, um pouco mais à frente e lá continuámos a fazer quilómetros num sobe e desce suave até à aldeia de Cabeças onde chegámos já com o sol muito baixo. Este facto, aliado às dificuldades de navegação que ser adivinhavam depois de uma leitura atenta das cartas, fez com que decidisse-mos terminar o dia por alcatrão. Pedalámos então, 10 quilómetros nocturnos por uma estrada secundária com circulação reduzida, que nos levou a Alvaiázere onde dormimos a última noite desta travessia, no pavilhão gimnodesportivo gentilmente cedido pela edilidade local.
Dia 6-22 de Agosto de 2003 - Asfáltica nostálgica

Durante o jantar do dia anterior ficou decidido por maioria absoluta que a última etapa desta aventura seria feita por asfalto, por motivos de ordem pessoal de cada um dos participantes era importante chegar cedo ao destino final.
Fizemos então a ligação de Alvaiázere a Mira de Aire por estradas alcatroadas secundárias de bom piso e pouco movimento com passagem pelo castelo de Ourém, subida que comparada com as feitas no passado ainda recente, se revelou uma brincadeira de crianças.
Ao chegar a Mira de Aire sentimos saudades do futuro: para o ano lá estaremos, a trilhar os caminhos de Portugal.